‘Esta foi a pior maneira de o novo Governo entrar em funções e começar a perceber o que é tentar governar num ambiente de crise terrível, interna e externa, com o país a viver dia a dia sob a ameaça do contágio grego, à mercê dos ataques especulativos das agências de notação e sob um fundo de paralisia, indecisão e irresponsabilidade de uma Europa onde estão de regresso todos os egoísmos nacionais.
Para aqueles que, ainda há pouco tempo, acolhiam com mal-disfarçada satisfação as notícias dos sucessivos downgradings que as agências nos aplicavam, vendo nisso mais um sinal da má governação de José Sócrates e Teixeira dos Santos;
Para aqueles que sustentavam que nada do que acontecia na cena internacional (nem a caminhada da Grécia para a falência nem a crise em Espanha, afectando o nosso mercado exportador) justificavam as dificuldades das contas públicas;
Para aqueles que achavam que para diminuir a despesa pública bastava fechar algumas dezenas ou centenas de organismos do Estado, desaparecendo também por magia os seus funcionários e respectivos custos;
Para aqueles que asseguravam que não era preciso pedir mais sacrifícios aos portugueses do que os que já constavam do PEC 3, aprovado em 2010;
Para aqueles que achavam que para diminuir a despesa pública bastava fechar algumas dezenas ou centenas de organismos do Estado, desaparecendo também por magia os seus funcionários e respectivos custos;
Para aqueles que asseguravam que não era preciso pedir mais sacrifícios aos portugueses do que os que já constavam do PEC 3, aprovado em 2010;
Para aqueles que imaginaram que o pedido de ajuda externa tudo resolveria, eis uma amarga lição. Mal apresentaram o programa, mal se apresentaram a Bruxelas e à troika, mal começaram a governar, e vem de lá a Moody’s (e a seguir a Fitch e a S&P) e diz o que pensa sobre os esforços do novo Governo: “lixo”.’
Miguel Sousa Tavares (Expresso)
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