30 de abril de 2011
29 de abril de 2011
Vice-Presidente do PSD explica o que é a miséria!
28 de abril de 2011
Claro que Diogo Leite Campos não é aldrabão
"O senhor Diogo Leite Campos quer acabar com os subsídios - subsídio de renda ou abono de família - sem saber onde realmente gastam os beneficiários o dinheiro. Não deixa de ser um raciocínio económico estranho, já que a despesa - os filhos ou a casa - estão lá. Para resolver o problema, quer fazer como se faz com os mendigos: dá-se-lhes uma sandes em vez do dinheiro. Através de um cartão de débito e recorrendo a instituições de caridade, como "albergues" ou a "sopa dos pobres". A leitura de Oliver Twist, de Charles Dickens, pode ajudar a perceber o modelo social de Leite Campo.
Num excelente almoço organizado pela Câmara do Comércio e Indústria Luso Francesa, onde perorou sobre a pobreza, Leite Campos explicou que "quem recebe os benefícios sociais são os mais espertos e os aldrabões e não quem mais precisa".
Seria impensável eu dizer que o senhor Leite Campos é um "aldrabão". Longe de mim pôr em causa a honorabilidade de tão distinta figura. Os insultos, já se sabe, são coisa que deixamos para os miseráveis. O direito ao bom nome vem com o cartão de crédito e quem não o traz na carteira só pode deixar de ser suspeito se lhe derem um cartão de débito. Os pobres são, até prova em contrário, mentirosos. Como não insulto o senhor, fica apenas este facto: estando ainda a trabalhar, já recebe uma reforma do Banco de Portugal. Quando se retirar da Universidade de Coimbra, juntará o que recebe já hoje ao que receberá dali. Acumulará duas reformas vindas do Estado.
Seria um argumento "ad hominem" atacar o professor Leite Campos, competente fiscalista, por causa das suas duas reformas. Dizer que ele é "esperto" e que gasta recursos do Estado que podiam ir "para quem mais precisa". Espertos são os pobres que ficam com os trocos. Quem consegue acumular reformas por pouco trabalho é inteligente. Os pobres enganam o Estado, os outros têm direitos. Os pobres roubam o contribuinte, os outros têm carreiras. Fico-me por isso pelos factos: a reforma que o senhor Leite Campos recebe do Banco de Portugal resulta de apenas seis anos de trabalho naquela instituição.
Cheira-me que se a generalidade dos portugueses recebesse reformas, estando ainda no ativo, por seis anos de trabalho e as pudesse acumular com outras dispensaria bem o abono de família e até o cartão de débito para ir à sopa dos pobres.
Aquilo que realmente está esgotar o crédito da minha paciência é ver tanto "esperto" que vive pendurado nas mordomias do Estado a dar lições de ética aos "aldrabões" que recebem subsídios miseráveis. É mais ou menos como dizia o outro. Já chega. Não gosto de tanto cinismo. É uma coisa que me chateia, pá.
Sobre os subsídios, Leite Campos disse: "O dinheiro não é do Estado, é nosso. Quem paga somos nós. Nós, contribuintes, temos direito a ter a certeza que o nosso dinheiro é bem entregue. Eu estou disposto a pagar 95 por cento do que ganho para subvencionar os outros, mas quero ter a certeza que é bem empregue, e que não vai parar ao bolso de aldrabões". Sobre as escandalosas reformas do Banco de Portugal, faço minhas as palavras do vice-presidente do PSD."
in: Expresso
Oskar Schindler
27 de abril de 2011
26 de abril de 2011
Candidaturas abertas para o "Porta 65 Jovem"
O Porta 65, de acordo com as alterações ao regulamento, está disponível para quem menos de 30 anos e uma declaração de rendimento dos últimos seis meses. O apoio tem a duração de três anos.
O peso da renda nos rendimentos mensais do elemento ou do casal jovem, ou seja, a taxa de esforço, não pode ultrapassar os 60%.
Para a edição deste ano foi igualmente aprovado um aumento da majoração (10 para 20%) para os arrendamentos em zonas urbanas históricas, para incentivar a ocupação pelos jovens destes territórios, e introduzida uma majoração de 10 por cento nos casos de agregados com dependentes a cargo ou com deficientes.
Para renovarem o benefício destes apoios, os candidatos não são obrigados a permanecer na mesma morada - podem candidatar-se a subsídio para a renda de uma casa diferente. Podem, também, candidatar-se jovens que já tenham estado no programa e que por alguma razão tenham saído.
O programa Porta 65 foi criado em 2007 e concedeu subsídios no valor de 22 milhões de euros a 35 mil jovens em 2008 e apoiou 22 mil jovens com 16,5 milhões de euros em 2009.
As candidaturas são submetidas exclusivamente online. Saiba mais clicando aqui."
in: boasnoticias.pt
Jorge Sampaio
"A crise é do modelo Neo-liberal que se recusa a reconhecer o fracasso.
E nós estamos a combater os males com os remédios que os causaram."
25 de abril de 2011
Agora, mais do que nunca...
24 de abril de 2011
Carta aberta ao Povo Finlandês
E por muito incompreensível que possa parecer, as travessuras e partidas que a História àsvezes prega, surpreendem em especial aqueles com a memória mais curta.O local foi Lisboa, e o ano, 1940, mais concretamente o trigésimo nono dia após o final da primeirae heróica guerra combatida pelo perseverante povo Finlandês contra a tentativa estrangeira deapagar a vossa pequena nação do mapa dos países livres e independentes da Europa.
A Guerra doInverno na qual a Finlândia contrariamente ao que todos julgavam poder ser possível derrotou o bolchevismo o imperialismo Russo, teve na altura um impacto muito maior do que o que julga hojea maior parte dos finlandeses.Os gritos de sofrimento e os horrores da primeira guerra Russo-Finlandesa e os terríveis sacrifíciosimpostos ao vosso pequeno país, comoveu e tocou o coração do povo Português no outro longínquocanto deste velho continente chamado Europa. Talvez fosse por causa de um sentimento deirmandade, ou mesmo de identificação com os sacrifícios para que uma outra nação pequena e periférica acabava de ser atirada...mas a ânsia de ajudar a Finlândia rapidamente emergiu entre osPortugueses, tão orgulhosos que são hoje quanto orgulhosos eram então dos valores daindependência e da nacionalidade.
A nação europeia com as fronteiras mais estáveis e com a pazmais duradoura de todas, não podia permitir-se, e não permitiu, permanecer no conforto da passividade de nada fazer relativamente ao destino para o qual a Finlândia tinha sido atirada,confrontada que esta estava com o perigo iminente de se tornar em apenas mais uma província Estalinista.
Portugal era na altura um país encruzilhado, submergido em pobreza e constrangido por umaditadura cruel e fascista. Os Portugueses eram nesses tempos quase todos invariavelmente pobres, analfabetos, oprimidos e infelizes, mas também trabalhadores, honestos, orgulhosos, unidos echeios de compaixão, mobilizados em solidariedade para oferecerem o que de mais pequeninoconseguiram repescar para ajudarem o necessitado e desesperado povo Finlandês.
Em cidades e vilas e aldeias de Portugal, agricultores, operários e estudantes, pais e mães, que aosmilhões talvez possuíssem não mais do que apenas 3 mudas de roupa, ofereceram os para si maismodestos e preciosos bens que, mal grado a penúria, conseguiram prescrever como dispensáveis:cobertores, casacos, sapatos e casacões, e para os mais felizardos sacos de trigo e quilos de arrozcultivados à mão nas lezírias e terras baixas dos rios portugueses.
As ofertas foram recolhidas por escolas e igrejas do norte e do sul, e embarcadas para Helsínquia com a autorização prévia daAlemanha Nazi e Aliados. Num extraordinário gesto de gratidão, o Sr. George Winekelmann, que era o então representantediplomático da Finlândia em Lisboa e Madrid, publicou um apontamento na primeira página do prestigioso jornal “Diário de Noticias” para agradecer ao povo Português a ajuda e assistência prestadas à Finlândia no mais difícil de todos os inconsoláveis tempos.
O bem-haja a Portugal foi publicado no vigésimo primeiro dia de Abril de 1940, há quaseexactamente 70 anos neste dia presente que corre, e descreve que “Na impossibilidade de responder directamente a cada um dos inumeráveis testemunhos de simpatia e de solidariedade que tive afelicidade de receber nestes últimos meses, e que constituíram imensa consolação e reconfortomoral e material para o meu país, que foi objecto de tão dolorosas provações, dirijo-me à NaçãoPortuguesa, para lhe apresentar os meus profundos e comovidos agradecimentos. Nunca o povo finlandês esquecerá a nobreza de tal atitude.
Estou certo de que os laços entre Portugal e Finlândia se tornaram mais estreitos e que sobreviverão ao cataclismo do qual foi o meu país inocente vítima, contribuindo assim para atenuar as consequências de tão injustificadaagressão”.
Em virtude de um outro esforço de ajuda à Finlândia organizado por estudantes Portugueses, o Sr.George Winekelmann mais uma vez voltou à primeira página do mesmo jornal para, numa notaescrita no dia 16 de Julho de 1940, expressar o seu imenso agradecimento: “O Sr. GeorgeWineckelmann, ministro da Finlândia, esteve ontem no Ministério da Educação Nacional (…) aagradecer o interesse que lhe mereceram as crianças do seu país por ocasião do conflito com a Rússia (…) e o seu reconhecimento pela importante dádiva com que os estudantes portuguesessocorreram os pequeninos da Finlândia”.
Por irónico que seja, o nacionalismo e as formas pelas quais alguns Europeus escolhem para oexpressar nos dias presentes, estão em completo contraste com o valor do conceito de Nação expresso há 70 anos por um país bem mais velho, e por um povo bem menos rico e bem maisanalfabeto, quando confrontado com a luta pela sobrevivência de uma nação-irmã, que é bem maisrica, bem mais instruída e….bem mais jovem.
Todos devemos ao passado a honra de não esquecer os feitos e triunfos daqueles que já não vivem.O conceito de verdadeiro nacionalismo não pode jamais ficar dissociado do dever de honrarmos o passado. Ao cabo de 870 anos de História, por vezes com feitos tremendos e ainda maioresdescobertas, um dos sucessos de Portugal como nação tem sido a capacidade de o seu povo unido ehomogéneo, olhar serenamente de mãos dadas para lá do horizonte da sua terra, sem nunca ter medodos desafios desconhecidos dos sete mares em frente, sem nunca fechar a ninguém as portashospitaleiras e da amizade, e sem nunca fugir dos contratempos que possam defrontar-se-lhe nasenda do seu destino.
Por mais irónico que seja, algo não parece bater certo quando a condição a que chegou a economiade um Estado de uma pequena nação, por maneira curiosa se torna talvez decisiva nas escolhaseleitorais tomadas por um povo de uma outra e ainda mais pequena nação, no outro canto tãolongínquo da Europa. Por mais que merecida ou desejável que possa ser, a recusa de auxiliar eajudar uma nação dorida e testada pelos ventos de um cataclismo financeiro não é provavelmente o passo mais sábio de países unidos por espírito e orgulhosos de honrarem os verdadeiros intrínsecosvalores de solidariedade e mútua amizade, em especial quando atormentados por adversidade eventanias de crise.
Por mais corrupta que a sua elite se comporte, por mais desgovernado que o seu país ande, e por mais caloteiro que o seu Estado seja, os homens e mulheres comuns de Portugal, filhos e filhas enetos e netas daqueles que viviam há 70 anos atrás, sentem-se e são os reféns e vítimas inocentes deuma Guerra financeira que viram ser-lhes declarada contra os seus bolsos e carteiras, e que ameaçaas suas honestas e modestas poupanças.
Mas não obstante confrontados nos agora tempos de hoje, em aparente insolvência e nas maissozinhas de todas as suas horas, com o desespero e adversidade, eu estou confiante e seguro de que os Portugueses de hoje, mães e pais, agricultores, trabalhadores, padres e estudantes, e até mesmocrianças, de lés a lés naquele país se elevariam da consciência, a fim de mostrar os seus maissinceros e genuínos sentimentos de nacionalismo e humildade para ajudarem e confortarem Finlândia e o povo finlandês, se alguma outra vez cataclismo ou desastre batesse à porta daFinlândia e iluminasse a ideia obscura da extinção da heróica nação Finlandesa, tal como aconteceuhá sete décadas passadas.
Todos nós podemos aprender com as pequenas e genuínas lições dos tempos que lá vão."
Helder Fernandes - TSF
23 de abril de 2011
Em entrevista ao "i"
É isso mesmo. Porque os advogados defendem interesses privados e os políticos interesses públicos. A confusão entre as duas coisas dá geralmente mau resultado.
Mas nem PS nem PSD conseguem impor isso.
Não conseguiram até hoje. Mas deviam fazê-lo. Agora, em tempo de crise, era uma boa altura, porque quem quer ganhar dinheiro a sério não deve ir para a política. Na política perde-se normalmente dinheiro, não se ganha.
Caso seja Governo...
"Enquanto produzirmos como marroquinos não podemos gastar como alemães"
20 de abril de 2011
Ai Otelo
Foi uma (1) pessoa que "fez o 25 de Abril"?
Qual é o significado inerente à designação FP 25?
Quanto ganhou com o artigo 4 do Decreto-Lei 197/2000?
Ninguém deveria ficar arrependido de ter libertado os cidadãos de um regime fascista em que não havia liberdade de expressão. Hoje, Portugal é um Estado de Direito, com eleições livres... e livres são os povos para votarem em quem querem.
Uma boa notícia nos dias que correm
A Administração Central e a Segurança Social tiveram um saldo positivo de 432 milhões de euros, o que representa uma melhoria de 1742 milhões de euros relativamente ao primeiro trimestre de 2010, divulgou o Governo em comunicado.
O saldo da Administração registou o valor de 148 milhões de euros, o que representa uma redução de 1665 milhões de euros em relação a Março de 2010.
Já a Segurança Social apresentou um excedente de 580 milhões de euros e as receitas de contribuições pagas à Segurança Social cresceram 3,1%, enquanto os gastos com pensões ficaram nos 2,9%.
O comunicado do Ministério das Finanças revela ainda que o valor do défice do subsector do Estado situou-se em 1019 milhões de euros, registando-se uma melhoria de 1530 milhões de euros.
O Governo explica ainda que a receita efectiva cresceu 15%, enquanto a despesa apresentou uma diminuição de 3,6%, o que representa uma redução de 375 milhões de euros.
O aumento do IVA resultou num aumento de receita em18,4%, levando o Estado a ter mais14,9% em receitas de impostos.
19 de abril de 2011
Jantar 25 de Abril
A JS e o PS Lousada estão a organizar o tradicional Jantar Comemorativo da Revolução do 25 de Abril, o qual se realizará no dia 25 de Abril, na Quinta de Vila Verde (Caíde-de-Rei), pelas 19h.
Vamos relembrar esta marca história e a apoiar a Democracia em Portugal.
Comparece e Mobiliza!
P.S.: Marcações até ao dia 20 de Abril através dos números 918192729 e 965103365.
18 de abril de 2011
Um mês...
"Há ainda, nas justificações de Passos Coelho, ao ser apanhado em falso no que disse aos portugueses, algumas pérolas a reter:
Questionado por só agora ter dito que se reuniu pessoalmente com Sócrates antes da apresentação do PEC IV, explicou que “há muitos encontros entre figuras importantes, ao nível das instituições portuguesas, que muitas vezes não são divulgados”.
Deve ter sido por isso, então, que Passos Coelho fez questão de divulgar ao país que apenas tinha sido informado por um mero telefonema, o que constituía uma grave desconsideração institucional, na qual baseou, aliás, o argumentário para o chumbo do PEC.
Garantiu, também, que não houve “nenhuma proposta de negociação” e que foi confrontado com um facto consumado.
Ora, segundo referiu Judite de Sousa na entrevista de ontem (e Passos Coelho não desmentiu), a reunião com Sócrates terá durado cerca de 4 horas.
Q-u-a-t-r-o (!) horas para receber um facto consumado.
Das três, uma: ou Passos Coelho é uma pessoa de compreensão extremamente lenta; ou Sócrates soletrou as medidas; ou alguém está a mentir.
O que é difícil é começar, depois é como uma montanha-russa."
17 de abril de 2011
Frases...
E os países que estão nos quartos de luxo não se devem esquecer que a água começa a entrar nos países que estão no porão, mas que também irá chegar a eles.
O resultado é que, se nada for feito em conjunto, toda a gente vai ao fundo, e nesta história não há botes de salvamento!"
15 de abril de 2011
Mais uma prova de que o PSD mentiu em relação ao conhecimento do PEC IV
Alguns deputados, contou Pacheco Pereira, quiseram saber a razão de ser desta ordem e foi-lhes dito que era para "não prejudicar as negociações do Governo em Bruxelas e para que o PS não viesse a usar isso como arma".
Recorde-se que tudo isto aconteceu um dia depois do primeiro-ministro, antes de partir para Bruxelas, ter telefonado ao líder do PSD, Passos Coelho, para que se deslocasse a S. Bento.
Durante a reunião, José Sócrates apresentou ao chefe do maior partido da oposição o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) 4 que haveria de levar, no dia seguinte, à cimeira europeia."
in: DN
O desnecessário resgate de Portugal
As crises que começaram com os resgates da Grécia e Irlanda no ano passado tiveram uma feia reviravolta. Contudo, este terceiro pedido de resgate não é realmente sobre dívida. Portugal teve uma forte performance económica nos anos 90 e estava a conseguir a sua recuperação da recessão global melhor do que muitos outros países na Europa, mas viu-se sob injusta e arbitrária pressão dos correctores, especuladores e analistas de rating de crédito que, por visão curta ou razões ideológicas, conseguiram forma de afastar uma administração democraticamente eleita e potencialmente amarrar as mãos da próxima.
Se deixadas sem regulação, estas forças de mercado ameaçam eclipsar a capacidade dos governos democráticos — talvez até da América — para fazerem as suas próprias escolhas sobre impostos e despesas.
As dificuldades de Portugal eram admitidamente semelhantes às da Grécia e Irlanda: para os três países, a adopção do Euro há uma década significou que tiveram de ceder o controlo das suas políticas monetárias, e um repentino incremento dos níveis de risco que regulam os mercados de obrigações atribuíram às suas dívidas soberanas foi o gatilho imediato para os pedidos de resgate.
Mas na Grécia e Irlanda o veredicto dos mercados reflectiu profundos e facilmente identificáveis problemas económicos. A crise portuguesa é bastante diferente; não houve uma genuína crise subjacente. As instituições e políticas económicas em Portugal que alguns analistas financeiros vêem como potencialmente desesperadas tinham alcançado notável sucesso antes desta nação ibérica de dez milhões ser sujeita às sucessivas ondas de ataque dos mercados de obrigações.
O contágio dos mercados e redução de notação, que começaram quando a magnitude das dificuldades da Grécia emergiu no início de 2010, transformaram-se numa profecia que se cumpriu a si própria: ao aumentar os custos da dívida portuguesa para níveis insustentáveis, as agências de rating forçaram Portugal a procurar o resgate. O resgate deu poder aos ‘salvadores’ de Portugal a pressionarem por impopulares políticas de austeridade que afectaram empréstimos de estudantes, pensões de reforma, subsídios sociais e salários públicos de todos os tipos.
A crise não é culpa do que Portugal fez. A sua dívida acumulada está bem abaixo do nível de nações como a Itália que não foi sujeita a tão devastadoras avaliações. O seu défice orçamental é mais baixo do que muitos outros países europeus e estava a diminuir rapidamente graças aos esforços governamentais.
E quanto às perspectivas de crescimento do país, que os analistas convencionalmente assumem serem sombrias? No primeiro quarto de 2010, antes dos mercados empurrarem as taxas de juro nas obrigações portuguesas para os limites, o país tinha uma das melhores taxas de recuperação económica na União Europeia. Numa série de reformas — encomendas industriais, inovação empresarial, realização educacional, e crescimento das exportações — Portugal igualou ou mesmo ultrapassou os seus vizinhos do Sul e até da Europa Ocidental.
Por que razão, então, foi tão desclassificada a dívida portuguesa e a sua economia empurrada para o limite? Há duas possíveis explicações. Uma é o cepticismo ideológico em torno do seu modelo económico misto, que suportava empréstimos às pequenas empresas, em conjunto com algumas grandes companhias públicas e um robusto estado-providência. Os mercados fundamentalistas detestam intervenções de estilo keynesiano em áreas da política interna portuguesa — que evitavam uma bolha e preservavam a disponibilização de rendas urbanas baixas — quanto a assistência aos pobres.
A falta de perspectiva histórica é outra explicação. O nível de vida dos portugueses cresceu muito nos 25 anos que se seguiram à revolução democrática de Abril de 1974. Nos anos 90 a produtividade laboral cresceu rapidamente, as empresas privadas aprofundaram o investimento com a ajuda do governo, e partidos tanto de centro-direita como de centro-esquerda apoiaram o aumento da despesa social. Por altura do fim do século o país tinha uma das taxas de desemprego mais baixas da Europa.
Em justiça, o optimismo dos anos 90 deu origem a desequilíbrios financeiros e ao gasto excessivo; os cépticos quanto à saúde da economia portuguesa apontam para a sua relativa estagnação entre 2000 e 2006. Apesar disso, no início da crise financeira global em 2007, a economia estava de novo a crescer e o desemprego a descer. A recessão acabou com essa recuperação, mas o crescimento retomou-se no segundo quarto de 2009, mais cedo do que noutros países.
Não se podem culpar as políticas domésticas. O primeiro-ministro José Sócrates e o governo socialista mexeram-se para cortar no défice enquanto promoviam a competitividade e controlavam a despesa pública; a oposição insistia que podia fazer melhor e forçou o senhor Sócrates a demitir-se este mês, preparando o palco para novas eleições em Junho. Isto é normal em política, não um sinal de confusão ou incompetência como alguns críticos de Portugal acenaram.
Podia a Europa ter evitado este resgate? O Banco Central Europeu podia ter comprado de forma agressiva as obrigações de Portugal e protegido o país do pânico mais recente. Regulação da União Europeia e dos Estados Unidos sobre o processo utilizado pelas agências de rating para avaliar a fiabilidade de crédito da dívida de um país é essencial. Distorcendo as percepções dos mercados sobre a estabilidade portuguesa, as agências de rating — cujo papel em fomentar a crise hipotecária nos Estados Unidos está amplamente documentado — armadilharam tanto a sua recuperação económica como a sua liberdade política.
No destino de Portugal reside um claro aviso para os outros países, os Estados Unidos incluídos. A revolução portuguesa de 1974 inaugurou uma onda de democratização que varreu o globo. É bem possível que 2011 possa marcar o começo de uma onda de invasão da democracia por mercados desregulados, com Espanha, Itália ou Bélgica como próximas vítimas potenciais.
Os americanos não iriam gostar muito se instituições internacionais tentassem dizer a Nova Iorque, ou a outra qualquer cidade americana, para abandonar as suas leis de controlo de rendas. Mas é este precisamente o tipo de interferência que agora acontece em Portugal — tal como aconteceu na Grécia ou Irlanda, apesar desses países terem maiores responsabilidades no seu destino.
Apenas governos eleitos e os seus líderes podem assegurar que esta crise não acaba por minar os processos democráticos. Até agora parecem ter deixado tudo nas mãos da imprevisibilidade dos mercados de obrigações e das agências de rating.»
Por Robert M. Fishman, professor de Sociologia da Universidade de Notre Dame
14 de abril de 2011
Mais uma lição de cidadania
Sugestão para os autores do site "O Povo é que Paga"
De acordo com um comunicado do gabinete de Teixeira dos Santos, desses "cerca de 505 mil trabalhadores em funções públicas", incluem-se aqueles que mantiveram o vínculo ao Estado, mesmo estando em estabelecimentos de saúde privados ou em cargos não docentes em estabelecimentos de educação.
O Ministério das Finanças e da Administração Pública classifica esta redução do número de trabalhadores do Esta como "inédita", numa diminuição que acontece desde 2005.
Importa, contudo, referir que os movimentos nas administrações Local e Regional não estão inseridos neste levantamento. Assim sendo, o número de trabalhadores em funções públicas será superior. O Ministério informa que serão divulgados os números quando "os procedimentos de levantamento de dados sejam concluídos". in: Jornal de Negócios
13 de abril de 2011
Afinal quem é o Pinóquio?
Como José Sócrates se esteve nas tintas para o Presidente da República, não custava nada à opinião pública acreditar na verosimilhança da versão do líder do PSD - um telefonema breve para despachar um assunto sem despacho possível.
Porque mentiu Passos Coelho? Por orgulho ferido, simplesmente. Não queria voltar atrás, em público, na sua promessa grandiloquente de nunca mais se reunir a sós com o primeiro-ministro.
Mas correu tudo mal. Passos Coelho foi apanhado em duas mentiras (ou inverdades, a palavra de preferência dos políticos) em sequência. Primeiro voltou atrás na promessa de nunca mais se reunir a sós. Depois de se desdizer nisto, inventou um telefonema em substituição de um encontro. Foi penoso ver Passos Coelho na TVI explicar que houve de facto um telefonema - para marcar o encontro, claro.
Há qualquer coisa de tocante na ingenuidade de Passos Coelho, embora isso provavelmente não lhe renda grande coisa: como é que imaginou que o encontro com Sócrates permaneceria secreto? Se as coisas tinham corrido tão bem antes - ao ponto de fazer aquela jura desajustada de "nunca mais a sós" -, porque imaginou que Sócrates cumpriria a jura secreta? É quase comovente. Numa luta entre o lobo e o cordeiro, ganha sempre o lobo - o risco de esta metáfora se tornar significativa à medida que a campanha avançar é muito grande para as ambições eleitorais do PSD.
Mas a "omissão deliberada" de Passos Coelho vem trazer alguma luz sobre os acontecimentos que levaram à demissão do governo. Apesar de tudo, e ao contrário das aparências que o gesto do "telefonema" parecia manter, Sócrates tentou mesmo negociar com Passos. E saiu do famoso encontro convencido de que poderia haver alguma abertura para que o PSD desse o aval ao plano de austeridade exigido por Bruxelas. De resto, as palavras cautelosas de Miguel Relvas, o secretário-geral do PSD, na manhã seguinte, confirmam a hesitação do PSD. Numa conferência de imprensa na sede do partido, Relvas mostrou abertura a viabilizar as exigências de Bruxelas. Só depois de o resto da direcção ter sido ouvida - e nomeadamente depois de Marco António ter feito a famosa ameaça de que ou haveria eleições no país ou haveria no PSD - é que a decisão de chumbar o PEC IV se tornou irreversível.
Os portugueses podem estar com Sócrates pelos cabelos, mas as hesitações, as omissões e as confusões de Passos Coelho não servem de grande bálsamo. Ontem quem esteve a ganhar foi Portas, que se pôs acima deste insuportável ruído."
in: "i"
12 de abril de 2011
Política e Neuropsicologia
"Individuals who call themselves liberal tend to have larger anterior cingulate cortexes, while those who call themselves conservative have larger amygdalas. Based on what is known about the functions of those two brain regions, the structural differences are consistent with reports showing a greater ability of liberals to cope with conflicting information and a greater ability of conservatives to recognize a threat, the researchers say.
"Previously, some psychological traits were known to be predictive of an individual's political orientation," said Ryota Kanai of the University College London. "Our study now links such personality traits with specific brain structure."
Kanai said his study was prompted by reports from others showing greater anterior cingulate cortex response to conflicting information among liberals. "That was the first neuroscientific evidence for biological differences between liberals and conservatives," he explained.
There had also been many prior psychological reports showing that conservatives are more sensitive to threat or anxiety in the face of uncertainty, while liberals tend to be more open to new experiences. Kanai's team suspected that such fundamental differences in personality might show up in the brain.
And, indeed, that's exactly what they found. Kanai says they can't yet say for sure which came first. It's possible that brain structure isn't set in early life, but rather can be shaped over time by our experiences. And, of course, some people have been known to change their views over the course of a lifetime.
It's also true that our political persuasions can fall into many more categories than liberal and conservative. "In principle, our research method can be applied to find brain structure differences in political dimensions other than the simplistic left- versus right-wingers," Kanai said. Perhaps differences in the brain explain why some people really have no interest in politics at all or why some people line up for Macs while others stick with their PCs. All of these tendencies may be related in interesting ways to the peculiarities of our personalities and in turn to the way our brains are put together.
Still, Kanai cautioned against taking the findings too far, citing many uncertainties about how the correlations they see come about.
"It's very unlikely that actual political orientation is directly encoded in these brain regions," he said. "More work is needed to determine how these brain structures mediate the formation of political attitude."
in: Science Daily (Apr. 7, 2011)
Um jornalismo necessário.
Ontem, na entrevista de Passos Coelho, um jornalista minimamente atento não desperdiçava a oportunidade de confrontar o líder do PSD, depois deste admitir ter sido contactado por José Sócrates na véspera de apresentar o PEC IV para se encontrarem pessoalmente em São Bento, episódio esse que nas palavras de PPC, aconteceu efectivamente e cara-a-cara.
Bastava apenas perguntar a razão de PPC ter levantado todo este problema em torno do PEC IV refugiando-se no facto de não ter sido "tido nem achado", assunto esse que agora vem contradizer e demonstrar que mentiu.
11 de abril de 2011
Uma Nobre Desilusão
Já agora, reparem só no Organograma da AMI em http://www.ami.org.pt/media/pd
A promoção do nepotismo da família Nobre é estrondosa. Uma instituição com tanto prestígio como a AMI não merece isto.