26 de fevereiro de 2011

OBRAS NA VILA

"Quando se fala em obras numa vila ou uma cidade, o primeiro pensamento dominante é a de perturbação do quotidiano: transtornos, atrasos, maçada, prejuízos – sobretudo para moradores, comerciantes, clientes e transeuntes. Rotinas obrigatoriamente alteradas, trânsito mais vagaroso, estacionamento mais distante e problemático, perdas de tempo, despesas acrescidas…

É uma interpretação legítima, mas, igualmente, bastante injusta. Tendemos a privilegiar uma perspectiva imediatista, de curtíssimo prazo, apenas porque atrapalha o nosso dia-a-dia, desconfigura os nossos hábitos e obriga a remodelar – mesmo que, às vezes, apenas de forma ínfima – a nossa organização de vida.

Sabemos que as obras apoquentam, mas sabemos, também, duas realidades indesmentíveis. A primeira, é de não haver progresso sem trabalhos; a segunda, é de os principais afectados com a sua realização serem, posteriormente, os principais beneficiários.

Vem este intróito a propósito da requalificação em curso na área da vila de Lousada, que as más condições atmosféricos e outros imponderáveis – que sempre surgem neste tipo de empreendimentos – ajudaram a protelar uma realização importante para a valorização do centro urbano.

Não há desenvolvimento sem obras, e não há obras sem aborrecimentos. O ideal seria executar tudo sem o mínimo de perturbação para os cidadãos, mas essa fórmula mágica não existe, mesmo com o importante apoio dos fundos comunitários, como no caso em apreço.

Por outro lado, trata-se de uma intervenção ponderada, amadurecida após discussão pública, e que irá garantir outro fascínio e atractividade à Vila, ampliando zonas de circulação pedonal, favorecendo a fluidez do trânsito, estimulando os benefícios do comércio de proximidade, instalando mobiliário urbano, melhorando a iluminação pública, potenciando a intimidade entre a população e o Monte Senhor dos Aflitos… Ou seja, permitindo uma modernização da Vila sem lhe subtrair as suas características próprias, antes favorecendo o que tem de positivo e melhorando os aspectos até agora menos favorecidos.

O resultado de parte dessa intervenção já conhece visibilidade em algumas artérias. A sensação visual e pragmática é de estarmos perante uma requalificação inteligente, apropriada, adaptada às exigências dos novos tempos, compatibilizando, de forma harmoniosa, o antigo e o moderno.

Uma vez terminada, estou seguro de que chegaremos todos à conclusão de que valeram a pena os sacrifícios e delongas perante uma Vila ainda mais aprazível, que nos irá aumentar a apreciação pela nossa terra e favorecer a nossa auto-estima colectiva".

Eduardo Vilar

in: Verdadeiro Olhar

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