“(…) Passos Coelho fez o Governo que queria, foi coerente com as ideias ultraliberais que defende e, em consequência, este é, a nível de perfil e de intenções, o Governo mais à direita que tivemos em 37 anos de democracia. E nada a dizer quanto a isso: o país votou à direita, vai ter uma governação de direita. As vozes das virgens escandalizadas que já se levantam na extrema-esquerda (PCP, BE e CGTP) são absolutamente hipócritas: eles quiseram derrubar o governo Sócrates para experimentar a direita, porque estimaram que isso iria favorecer o êxito do seu combate de rua. Pois agora experimentem e saiam para a rua (…).”
“Também houve mais um 10 de junho e Cavaco, o anticlientelas, lá voltou a condecorar as suas habituais clientelas femininas. Leonor Beleza foi condecorada por ter gasto a instalar-se muito (depois se verá se bem) do dinheiro deixado por António Champalimaud a Portugal. Manuela Ferreira Leite deve ter sido condecorada por ter feito, na última meia-legislatura, dois discursos contra Sócrates, criticando-lhe o mesmo género de políticas financeiras que ela própria levou a cabo no governo Barroso. E uma jovem decoradora, cujos talentos o país desconhece, terá sido condecorada por razões que o país também desconhece. Se, de vez em quando, Cavaco Silva tivesse um estertor de grandeza, teria antes condecorado um homem chamado Fernando Teixeira dos Santos, cujas responsabilidades, em tempos terríveis, foram um pouco além da decoração de interiores: teria sido um exemplo para o país meditar. Mas não é por acaso, e sim por ser quem é, que ele prefere antes condecorar a sua gente. De novo me socorro de Camões: ‘Que outrem possa louvar esforço alheio/ Cousa é que se costuma e se deseja/ Mas louvar os meus próprios, arreceio/ Que louvor tão suspeito mal me esteja’.”
“Também houve mais um 10 de junho e Cavaco, o anticlientelas, lá voltou a condecorar as suas habituais clientelas femininas. Leonor Beleza foi condecorada por ter gasto a instalar-se muito (depois se verá se bem) do dinheiro deixado por António Champalimaud a Portugal. Manuela Ferreira Leite deve ter sido condecorada por ter feito, na última meia-legislatura, dois discursos contra Sócrates, criticando-lhe o mesmo género de políticas financeiras que ela própria levou a cabo no governo Barroso. E uma jovem decoradora, cujos talentos o país desconhece, terá sido condecorada por razões que o país também desconhece. Se, de vez em quando, Cavaco Silva tivesse um estertor de grandeza, teria antes condecorado um homem chamado Fernando Teixeira dos Santos, cujas responsabilidades, em tempos terríveis, foram um pouco além da decoração de interiores: teria sido um exemplo para o país meditar. Mas não é por acaso, e sim por ser quem é, que ele prefere antes condecorar a sua gente. De novo me socorro de Camões: ‘Que outrem possa louvar esforço alheio/ Cousa é que se costuma e se deseja/ Mas louvar os meus próprios, arreceio/ Que louvor tão suspeito mal me esteja’.”
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