31 de maio de 2011

A campanha de casos e de reacções ou do total desrespeito pelo eleitorado

Os portugueses estão preocupados com o seu presente e o seu futuro, sabendo que, nesta coisa que se chama democracia, há uma campanha eleitoral a correr para escolher quem apresenta obra feita, programa, consistência, coerência, equipa e sentido de interesse nacional para merecer o seu voto.

Quem faz de uma campanha eleitoral um tempo de criação de “casos”, sempre infundados, sempre reveladores de uma impreparação preocupante, frequentemente caluniosos, deve ser desmascarado, analisado, portanto, e objecto deste juízo de prognose simples: – e se PPC fosse PM?

É tão claro como isto. É fazer a pergunta. E responder.

PPC não tem campanha; tem “casos”. Das novas oportunidades, às calúnias, passando pela história milenar da Católica, não esquecendo as “nomeações”, até à IVG, enfim, tudo o que contribui para o esclarecimento do presente e do futuro hipotético do país nas suas maravilhosas mãos, PPC vive daquilo de que sempre acusaram por deficiência cognitiva o PS: o efeito mediático de um dizer por dia.

Resta saber por quê.

Não é apenas pela amoral estratégia política que ora pisca o olho ao CDS ora o ataca, ora chantageia o eleitorado ora proclama a liberdade. É, também, porque PPC sabe que a sua cassete sobre as medidas de austeridade do Governo PS durante a crise que atingiu o mundo inteiro, sem referir essa mesma crise, já não cola. Ele esquece-se que os portugueses têm miolos.

PPC teve o desplante de atacar medidas de austeridade, por exemplo no debate com Sócrates, com uma demagogia rara, porque esqueceu-se de explicar que foram tomadas apenas e só no decorrer da crise (também se esqueceu que as aprovou). Por outro lado, PPC, o coveiro do Estado Social, falou de tais medidas como se fossem um ataque ao Estado Social. Lá está: não sabe o que é o Estado Social; não sabe o que são medidas transitórias para vencer a crise e para, precisamente, proteger o Estado Social, ao contrario de outras que cortam de tal maneira as pernas ao que nos define colectivamente que só com uma revisão constitucional que destrua o boneco é que lá vão.

Não por acaso foi possível atribuir 6 mil milhões de euros em prestações sociais apesar da crise.

Em termos de obra feita, já não falando na primeira legislatura que corrigiu os horrores da direita, PPC tem dificuldade em discutir coisas como a redução do abandono escolar e do insucesso escolar e a melhoria do sistema educativo; a modernização do parque escolar; o investimento na ciência e alargamento do acesso ao ensino superior; o plano tecnológico e a promoção da inovação; reforma da AP e simplificação administrativa (aqui houve lugar de forma estudada à extinção de 25% dos organismos públicos e dos cargos dirigentes, bem como a eliminação de mais de 1300 estruturas intermédias (PRACE), controlo das admissões e a redução de mais de 70 mil funcionários públicos, e não a uma cega e ignorante regra de entra um se sairem cinco.; reforço da independência energética; reforço do sector exportador; qualificação do SNS; garantia da sustentabilidade da segurança social pública; e aumento do salário mínimo em diálogo social.

Obra feita. É difícil discuti-la. É mais fácil dar as mãos a todos os partidos, ao BE, a PCP, a todos, com fome de São Bento, criar casos, ameaçar os portugueses – olhem que se votarem Sócrates eu não falo com o homem! – virar a camisola do avesso.

Mas mais do que tudo: evitar discutir o programa do PSD, o seu seu documento histórico do liberalismo, e não discutir o programa do PS, que ao contrário do dele, sabe manter o Etado Social e apostar no crescimento económico.

A última parece ser a do “medo”. PPC fala em medo. Sócrates tem medo. Saiu-lhe mal. Ainda estava a respirar de ter desabafado com o país o medo que Pacheco Pereira lhe provoca.

Que difícil enfrentar o difícil de costas direitas.

in: Aspirina B

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