24 de março de 2011

Pelo futuro, não desistiremos do nosso projecto

"Salvaguardando os seus estritos interesses partidários, a direita portuguesa abriu hoje uma crise política em Portugal. Fá-lo na semana em que uma cimeira europeia poderia ultrapassar os desequilíbrios especulativos na zona euro. Como a imprensa internacional já registou, os partidos da oposição empurraram o país para o desastre, derrubando o Governo e provocando um efeito em cadeia nos mercados. O PSD e o CDS, diligentemente coadjuvados por uma esquerda sectária, uniram-se para derrubar o PS. Na verdade, derrubaram o interesse nacional por puro oportunismo. Com este golpe, a direita portuguesa pretende conquistar aquilo que não conseguiu em sucessivos actos eleitorais, contando para isso com o silêncio activo de Cavaco Silva.

José Sócrates iniciou funções após os Governos de má memória de PSD e CDS-PP. Num contexto difícil, iniciou o saneamento das contas públicas e conseguiu o défice mais baixo da história da democracia. Transformou e modernizou administração pública. Iniciou reformas estruturais na educação, na saúde e na segurança social, entre outras áreas. Alterou o código laboral para rever as medidas mais penalizadoras de Bagão Félix. Colocou Portugal na dianteira das energias renováveis. Investiu como nunca antes em investigação e desenvolvimento. Acabou com leis conservadoras e iníquas no aborto, no divórcio, na igualdade entre géneros e entre orientações sexuais. Revolucionou a nossa diplomacia económica. Implementou novas e diversificadas medidas de protecção social. Enquanto o fazia foi sujeito às campanhas mais obscuras da história da democracia portuguesa e teve de lidar com a hecatombe do capitalismo financeiro mundial que provocou a maior crise económica desde o final da década de 1920.

Os ideólogos da crise querem agora os seus despojos debilitando um dos três únicos governos socialistas de uma Europa sem rumo. Nem tudo foi bem feito, como é normal na política e em qualquer outra actividade: várias medidas poderiam ter sido implementadas de outra forma e outras, eventualmente, poderiam nem ter sido concretizadas. Mas o balanço destes anos esteve sujeito ao escrutínio dos socialistas e do país, com o pensamento crítico e a abertura que caracterizam o PS. Daí que os socialistas estejam profundamente orgulhosos na avaliação destes anos.

No dia em que PSD e CDS traíram o país e recusaram o diálogo para precipitar eleições antecipadas, desistindo do esforço de consolidação nacional por puro calculismo, os portugueses serão soberanos na sua avaliação. O PS nunca desistiu nos momentos mais difíceis e sempre esteve unido nas disputas mais exigentes. Não trabalha para vencer concursos de popularidade, mas sim para defender Portugal.

Os socialistas têm orgulho na sua história e vão lutar determinadamente pelo futuro do seu projecto. Por mais dificuldades que tenhamos, mobilizaremos todos os esforços para o combate que aí vem, envolvendo os socialistas e todos os que queiram participar nesta batalha. Como bem afirmou Francisco Assis no debate de hoje, «podem provocar a queda do Governo, mas não vão derrubar o PS». A hora é de união."

Tiago Barbosa Ribeiro

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