17 de junho de 2010

Será o fim do "Facilitismo"?

Será o fim do “facilitismo” criado, divulgado e ostracizado pela oposição e por certos sectores de professores descontentes? O NESEBSP espera sinceramente que assim o seja pois um dos grandes resultados desta campanha contra o Governo e contra o GAVE (Gabinete de Avaliação Educacional) foi a descredibilização dos alunos e do trabalho que têm de realizar para serem bem sucedidos na sua vida académica.

Esperemos que os exames que se seguem demonstrem uma continuação daquilo que têm sido os níveis de exigência e conhecimentos pedidos aos alunos portugueses.

Parabéns a todos os que batalham pela escola e pelo ensino e aqueles que fizeram ou ainda vão fazer os exames nacionais deste ano lectivo desejamos as melhores das sortes.

“À semelhança do que tem acontecido noutros anos, o exame foi acompanhado de um vocabulário dando conta do significado de palavras como “guarida”, “esquivo” ou “perfia”, entre outras. No blogue convidado do PÚBLICO, Escrever em Português, a professora de Português, Ana Soares, comentou que a estrutura do exame “era a esperada” e que os textos lhe “parecerem adequados à faixa etária e aos conteúdos/competências em avaliação”. “Gostei do poema do Nuno Júdice”, acrescentou.

“O poeta quer escrever sobre um pássaro/e o pássaro foge-lhe do verso”. No site www.exames.org, já há alunos a anunciar que “correu bem”. Mas têm algumas dúvidas, como estas: “Vocês meteram que opção naquela do adverbio “alto”? . Em quatro opções, era preciso seleccionar uma em que a palavra “alto” é um advérbio. Mas os jovens que colocaram a dúvida escolheram a opção em que “alto” era um adjectivo.

Outra dúvida colocada por uma aluna, no mesmo site: “Havia lá uma que era sobre o poeta que fez aquele poema e para nós dizermos as três coisas a que o autor se refere eu meti: “Pássaro (Animais); Serpente (Animais); Maçã (fruta); flor (planta, flores) ”. Nesta questão, a 4 da parte B do grupo I, com base no poema de Nuno Júdice, pedia-se que o aluno indicasse qual a “intenção” do poeta expressa no texto e para referir os três elementos que pretende utilizar como matéria do seu poema.

Nos critérios já divulgados pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) explica-se que se devia referir os elementos pássaro, maçã e flor.

Para os exames de Língua Portuguesa do 9º ano estavam inscritos 87 276 alunos. Segundo o Ministério da Educação, faltaram à prova 1868. Os alunos do 9º ano têm uma segunda fase de exames, já na próxima semana. Ao contrário do que acontece no ensino secundário, o recurso a esta fase só é permitido “em situações excepcionais”.”

In (PÚBLICO, 17/06/2010)

“Estes quatro alunos do curso de ciência e tecnologias da Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra, fizeram ontem à tarde o exame nacional de Português do 12.º ano – o princípio do fim de um ciclo que se fecha e que esperam que lhes abra as portas do Instituto Superior Técnico. Dentro de uns anos querem conquistar o título de engenheiros. Parte desta responsabilidade esteve nas mãos de Camões. Ou melhor, da forma como responderam às perguntas sobre o excerto de Os Lusíadas que saiu na prova e que dizem ter sido uma “completa surpresa”.

Nesta escola cerca de 400 outros alunos realizaram ontem a mesma prova. No ano passado, em todos os exames do ensino secundário a escola ultrapassou as 1000 provas, o que a coloca entre os estabelecimentos de ensino que mais alunos levaram a exame nacional. Ao todo no país, segundo dados do Ministério de Educação, estavam inscritos para a prova de ontem do ensino secundário 75.875 alunos. Contudo, o número efectivo de estudantes que compareceu ao exame só será divulgado hoje. No ano passado estavam inscritos menos alunos nesta primeira fase de exames (73.740) e fizeram a prova 64.993. Quanto a médias, desde que os exames arrancaram em 1997 a mais baixa a Português registou-se em 2008: 9,7 valores numa escala de zero a 20. A média mais elevada, de 11,8, aconteceu em 2001.
Inês, Daniel, Jorge e Nuno não estavam “minimamente à espera de Camões”, que também fez questão de marcar presença na prova do 9.º ano que se realizou ontem de manhã. Na véspera do exame tinham partilhado com o PÚBLICO a forma como se estavam a preparar e quais as obras que gostavam que saíssem na prova: pediam Saramago mas a intuição dizia-lhes que ia sair a Mensagem de Fernando Pessoa. Essa era também a convicção de Leonor Fernandes, a professora de Português desta turma.

Mas o sexto sentido trocou-lhes as voltas e viram-se obrigados a escrever “cortando o mar sereno,/ com vento sempre manso nunca irado”, como dizia uma das estâncias do Canto X de Os Lusíadas que serviu de base ao teste. No entanto, nos últimos versos, Camões não duvida de “que vencedor vos façam, não vencido”. E os alunos e a professora também não. “Foi um texto que trabalhámos em aula”, esclareceu Leonor. Quanto aos alunos, garantiram que intensificaram o estudo nesta altura, levantando-se a meio da manhã e largando apenas os livros à hora de jantar. As noitadas a estudar não são do agrado de nenhum dos quatro, e para Inês e Jorge a “borga” com os amigos também ficou em stand by. Ela explica que, assim, fica “de consciência mais tranquila; ele, que tem “o resto do Verão para aproveitar”. Daniel e Nuno dizem que conseguem conjugar tudo.

Sobre a prova “ideal ou fatal”, Pessoa, na vertente ortónimo, era o principal “inimigo” do grupo. “Prefiro texto em prosa porque a poesia é mais subjectiva. Seria a minha morte se saísse ortónimo. A minha e a de toda a gente. E Camões também não usa o lado natural das palavras”, disse na véspera Inês, de 17 anos, que antes do exame ficou com média final interna de 16 a Português e que em breve espera ser caloira de Engenharia Informática. Uma vontade que só foi feita em parte. A recompensa veio no grupo sobre o Memorial do Convento, de José Saramago, que era do agrado de todos. Ainda assim Jorge, de 18 anos, com média final de 12 e também candidato a Engenharia Informática, assegurou que a obra de Sttau Monteiro “Felizmente Há Luar é que seria um bolo”.


Olhos na Matemática


A prova começou às 14h00 e durou duas horas mais 30 minutos de tolerância. O primeiro a abandonar o barco foi Nuno, de 18 anos, média de 14 à disciplina e futuro engenheiro electrotécnico. Saiu pouco depois das 16h00 com um mar de miúdos cujos olhos e caras vermelhuscas denunciavam o estado de espírito e o calor do dia. Uns sorriam, outros suspiravam e maldiziam tudo. Alguns corriam para os professores para ver as respostas certas. Para Nuno a prova era “acessível” e estava “dentro do género” que fazem ao longo do ano. “A s”tora faz sempre provas com formato de exame e tínhamos trabalhado este excerto.”
O segundo a sair foi Daniel, de 17 anos, aluno com média de 16 a Português e candidato a Engenharia Aeroespacial através da Força Aérea – o que faz com que tenha de conjugar o estudo com longas horas no ginásio, para onde foi descomprimir depois do exame. “O mais confuso foram as perguntas de escolha múltipla em que há várias respostas que parecem acertadas.” Uma opinião corroborada por Jorge, o terceiro, e por Inês, que desde logo avisou que seria a última a sair.

Agora é hora de pôr um ponto final em Português e fazer as contas à prova de Matemática que se realiza na segunda-feira e que é a disciplina específica destes jovens”.

In (PÚBLICO, 17/06/2010)

por: Núcleo de Estudantes Socialistas do Ensino Básico e Secundário do Porto

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