21 de maio de 2010

Um partido Sexista

O último congresso do PSD saiu uma nova liderança, jovem e jovial, a querer fazer um corte geracional com o passado. Saíram sinais, linhas de tendência. Nas palavras, nos discursos. Na composição dos órgãos nacionais. Leitura rápida. Há um novo PSD. Um PSD mais liberal, na economia, na sociedade. Um PSD brando nos costumes, ligeiro nos princípios. Um PSD que não perde tempo, sempre a abrir, a pensar no futuro.

A palavra mais usada foi unidade. Unidade real ou virtual. Pouco importa. Unidade rompida. Para a escolha do Conselho Nacional. O resultado foi surpreendente. Absolutamente bestial.

Saiu uma heroína: Sofia Galvão. Quem é Sofia Galvão? É uma das figuras mais inspiradoras entre as sociais-democratas, advogada e cronista, sendo a única mulher a conseguir entrar para o Conselho Nacional. O órgão mais importante entre congressos. Em cinquenta e cinco membros, em representação do Continente e das regiões autónomas, 55, repito para não me enganar, houve lugar para uma e só uma senhora. Sofia Galvão. Extraordinário.

Esta é a tendência no novo PSD. Em todos os órgãos nacionais. Entre os 89 escolhidos, lá estão oito mulheres, 8, repito para que não se enganem. Esta é a linha de ruptura prometida pela nova direcção. Um partido sem quotas. Um partido sem pruridos. Um partido onde a palavra discriminação não faz sentido.

Esta é a expressão mais ridícula que um partido deu até hoje à igualdade de género. Esse complexo de esquerda que deve ser banido deste PSD liberal, brando e ligeiro. Um partido em que as mulheres foram afastadas da decisão política interna. Sem apelo nem agravo. Péssimo sinal.

O que mais me escandaliza é que ninguém falou sobre isso. Ninguém denunciou esta situação. Todos deram is-so como normal no PSD. Nem uma voz contestatária. Ninguém. A começar pelas próprias mulheres sociais-democratas. Extraordinário. Este PSD sexista.

Depois da "lei da rolha" pensei que nada mais me escandalizaria no PSD. Estava enganado. Este partido está sempre a surpreender-me. A surpreender o País.

por: Miguel Freitas - Deputado PS

in: DN

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