"Ontem era o dia mais esperado na Comissão Parlamentar de Inquérito. João Semedo convenceu-se (bem como convenceu uma boa parte dos jornalistas) que tinha encontrado a peça final do puzzle que construíra nos seus apontamentos e na sua cabeça: ia ter oportunidade de interrogar o “ministro do governo anterior” que tudo indicava ter do negócio informação privilegiada à hora de almoço do dia 25 de Junho, quinta-feira, quando o executivo afirmava nada conhecer.
Ora, o “tudo” não era, afinal, grande coisa. O take da Rádio Renascença que resumia uma peça radiofónica do início dessa tarde — que era um resumo, naturalmente, do briefing do Conselho de Ministros no qual Silva Pereira abordara a questão —, foi uma casca de banana (resta saber quem a pôs lá) em que Semedo escorregou espectacularmente.
O que se viu foi, no mínimo, embaraçoso para um deputado que todos têm (tinham?) por ser um exemplo de capacidade de trabalho (mesmo que não de boa fé): sofrer uma humilhação em directo, com Silva Pereira a mostrar por que 1 + 1 são 2 e provando — atenção: não acusando, mas provando — que tudo o fora dito nessa conferência era público e tinha fontes institucionais perfeitamente identificadas.
Afinal de contas, tudo teria sido evitável se Semedo — ou alguém por ele — tivesse feito o trabalho de casa: as declarações de Silva Pereira, que seriam fáceis de confrontar com as fontes da informação pública por ele usadas, estavam on-line, no portal do Governo. Semedo foi traído por um misto de soberba, de confiança excessiva nos seus instintos (tantas vezes invocados) e da certeza de que os esquemas desenhados no seu caderno correspondem a um qualquer grande esquema maquinado por um governo para tomar conta de uma estação de televisão.
Com um relator destes — ainda por cima com o orgulho ferido —, todos estamos a ver o relatório que vai sair desta Comissão Parlamentar de Inquérito.
PS — Pacheco Pereira, tirando um pequeno “ralhete” patético que deu a Silva Pereira — próprio de quem ficara desarmado perante a força das palavras do depoente —, não colocou qualquer questão à pessoa que era vista como a peça até aqui decisiva neste puzzle; e o PCP fez algo inaudito, que foi dispensar a segunda ronda de perguntas. Tudo indicadores claros da derrota expressiva dos justiceiros, vergados, por uma vez que seja, ao poder da razão".
Ora, o “tudo” não era, afinal, grande coisa. O take da Rádio Renascença que resumia uma peça radiofónica do início dessa tarde — que era um resumo, naturalmente, do briefing do Conselho de Ministros no qual Silva Pereira abordara a questão —, foi uma casca de banana (resta saber quem a pôs lá) em que Semedo escorregou espectacularmente.
O que se viu foi, no mínimo, embaraçoso para um deputado que todos têm (tinham?) por ser um exemplo de capacidade de trabalho (mesmo que não de boa fé): sofrer uma humilhação em directo, com Silva Pereira a mostrar por que 1 + 1 são 2 e provando — atenção: não acusando, mas provando — que tudo o fora dito nessa conferência era público e tinha fontes institucionais perfeitamente identificadas.
Afinal de contas, tudo teria sido evitável se Semedo — ou alguém por ele — tivesse feito o trabalho de casa: as declarações de Silva Pereira, que seriam fáceis de confrontar com as fontes da informação pública por ele usadas, estavam on-line, no portal do Governo. Semedo foi traído por um misto de soberba, de confiança excessiva nos seus instintos (tantas vezes invocados) e da certeza de que os esquemas desenhados no seu caderno correspondem a um qualquer grande esquema maquinado por um governo para tomar conta de uma estação de televisão.
Com um relator destes — ainda por cima com o orgulho ferido —, todos estamos a ver o relatório que vai sair desta Comissão Parlamentar de Inquérito.
PS — Pacheco Pereira, tirando um pequeno “ralhete” patético que deu a Silva Pereira — próprio de quem ficara desarmado perante a força das palavras do depoente —, não colocou qualquer questão à pessoa que era vista como a peça até aqui decisiva neste puzzle; e o PCP fez algo inaudito, que foi dispensar a segunda ronda de perguntas. Tudo indicadores claros da derrota expressiva dos justiceiros, vergados, por uma vez que seja, ao poder da razão".
Miguel Abrantes
in- Câmara Corporativa
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