3 de maio de 2010

Estarão verdes, não vão prestar! - António Perez Metelo

A envolvente financeira externa da economia portuguesa modificou-se de forma drástica nos últimos dias. O vírus helénico contagiou os dados fundamentais de Portugal sem que tenha surgido, entretanto, um só facto que pudesse traduzir um agravamento da situação interna ou que constituísse surpresa desagradável para os credores da República Portuguesa. O défice público de 2009 acaba de ser validado pelo Eurostat: 9,4%, como fora calculado pelas entidades competentes em Lisboa. O stock da dívida situou-se, em fins do ano passado, nos 76,8% do PIB, como era esperado - 1 ponto percentual abaixo da média das dívidas públicas dos 16 países do euro. A OCDE, o FMI, a Comissão Europeia, o BCE e o executivo da senhora Merkel reafirmam, uma e outra vez, que a colagem de Portugal à situação de catástrofe financeira da Grécia não faz qualquer sentido. Tudo em vão!

O que faz mergulhar os mercados é o parecer da equipa de economistas da S&P, que penaliza a notação da República Portuguesa porque não acredita que - até 2013! - reduzamos o défice para menos de 3% do PIB. Ainda que concedam, no dizer do seu porta- -voz, ser plausível que esse défice se reduza dos tais 9,4%, em 2009, para os 4% do PIB, em 2013... mesmo com um crescimento ainda mais débil do que aquele que consta no PEC lusitano.

Tudo isto dá que pensar: quem atribuía as mais altas notações (AAA - reputação óptima!) a bancos e países que, de um dia para o outro, se viram à beira da falência, no Outono de 2008, faz descer dois níveis a um país por suspeitar que ele, em 4 anos, só vai conseguir alcançar 82% da meta traçada para o ajustamento das suas finanças públicas!

Contra esta lógica só contam factos e resultados. Daí que se ouça já o ministro das Finanças dizer que o conjunto de medidas de austeridade antecipadas para este ano se destina a descer o défice de 2010 ainda mais do que o valor já aceite por Bruxelas (8,3%). Com esse fim, e tendo em conta este contexto internacional em frenesim, o apoio anunciado pelos líderes do PS e do PSD às medidas que se revelarem necessárias para ir atingindo as metas traçadas adquire um valor invulgarmente grande. Assim ele se concretize!

in: DN


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