6 de abril de 2011

Agências de Rating

"Durante décadas os bancos americanos criaram programas de incentivo ao crédito para famílias com menor poder de compra, através de empresas como a Fannie Mae e a Freddie Mac.

Estes créditos com elevado risco, os chamados ” sub-prime ” eram atribuidos em função do património imobiliário que cada família possuia e não em função dos rendimentos do agregado familiar.

Devido à descida das taxas de juro, as casas estavam sempre a valorizar-se e sobre estas casas eram concedidos empréstimos para outros fins de consumo. Se algo corresse mal, como o mercado imobiliário estava em alta, bastava ao banco vender a casa hipotecada, para reaver os créditos.

Em determinada altura o mercado de sub-prime atingiu cerca de 1.000.000 milhões de euros ou seja 10% do PIB dos EUA.

Os bancos americanos, por sua vez, criaram produtos de alto retorno financeiro, mas simultaneamente de elevado risco e colocaram os seus créditos (que eram produtos tóxicos) pelos mais diversos investidores em todo o Mundo.

Todo este processo de transferência de crédito foi deficientemente analisado pelas “AGÊNCIAS DE RATING”, talvez propositadamente para que os gestores dos bancos recebessem prémios gigantescos pelos objectivos atingidos.

A partir de 2007 os títulos de crédito e o valor das casas cairam abruptamente. As casas cada vez valiam menos e os bancos não podiam recuperar os créditos concedidos. Faliram uma série de bancos americanos( o mais famoso foi o Lehman Brothers que tinha recebido notação AAA dias antes pelas agências de rating) e o governo americano teve que injectar, em 2008, cerca de 500.000 milhões de euros em todo o sistema financeiro, situação que se agravou em 2009, quando os apoios financeiros já atingiam 3.800.000 milhões de euros, o equivalente a 38% do PIB dos EUA.

Foi o colapso mundial. As economias mundiais cairam em catadupa. Os governos de todo o mundo tiveram que criar programas anti-crise de ajuda a particulares, às empresas e aos bancos. Para esse efeito foram obrigados a endividar-se, acima das possibilidades de cada Estado.

Todas estes produtos de alto retorno financeiro, tiveram a benção e o aconselhamento das AGÊNCIAS DE RATING.Esta ” serralharia financeira ” lesou centenas de milhões de pessoas em todo o Mundo, que se viram com as suas vidas prejudicadas para sempre.

Quem regula e fiscaliza as actividades destes senhores , que definem a seu belo prazer e de acordo com os seus humores, o destino da humanidade ?

NOTAS FINAIS

  1. Parabéns à Audiência Nacional de Espanha que aceitou as queixas crime de 6 organizações não governamentais contra as agências de rating , por alegadamente, manipularem os preços em benefício próprio e em prejuízo do erário público e os detentores de poupança.
  2. Parabéns ao Parlamento Europeu que está a legislar no sentido de criar uma agência de rating europeia com regulação independente e está a preparar legislação mais dura sobre agências de rating, responsabilizando-as criminalmente em casos de negligência ou erro nas suas avaliações.
  3. No caso de Portugal as agências de rating reduziram a notação horas antes de Portugal ir ao mercado para emitir dívida de curto e médio prazo. Isto não é estranho ?
  4. Em plena crise de credibilidade, executivos da Moody´s ganharam mais 60% de vencimentos em 2010. Só Presidente Raymond McDaniel recebeu 10 milhões de dólares em salários e prémios de desempenho !"

in: http://vouestaraqui.aroucaonline.com/

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