"Sócrates, pelo governo, e Assis, pela bancada do PS, no debate sobre o estado da nação esta manhã, em resposta a um discurso frouxo de Miguel Macedo:
(a) António Capucho, conselheiro de Estado pelo PSD, fez há pouco tempo as seguintes declarações: “o governo tem de levar uma rasteira e sair”. Como não veio o FMI, que o PSD anda há meses a convidar; como não veio o desastre na execução orçamental, que o PSD esperava como desculpa; veio a rasteira. Esta é a rasteira do PSD: provocar uma crise política. Mas, por quê agora? Passos Coelho abre uma crise no país para escapar a uma crise interna no PSD, onde já se afiavam as facas para o derrubar.
(b) O anterior governo PSD/CDS apresentou o PEC em Bruxelas – não as linhas gerais, não a proposta de partida, mas a sua versão final – sem o apresentar no parlamento português. Não têm agora esses partidos nenhuma moral para se queixarem de uma “mera” apresentação pública das linhas gerais, com todo o tempo para passar ao debate das medidas propriamente ditas - garantindo que o PEC apresentado em Bruxelas não será uma "surpresa" para o país.
(c) Na preparação, no ano passado, do orçamento para 2011, Passos Coelho, pelo PSD, recusou-se a negociar previamente: o PSD exigiu que o governo apresentasse primeiro as suas propostas e as divulgasse, só aceitando negociar depois. Agora, o governo apresentou publicamente as linhas gerais da sua proposta e quer negociar, segundo o procedimento exigido pelo PSD – mas, agora, o PSD exige o contrário do que exigiu o ano passado e, com essa desculpa, recusa-se a negociar. E não diz uma palavra sobre alternativas.
(d) A prova de que a posição de Passos Coelho é a “rasteira” pedida por Capucho, com o único fito de Passos Coelho se salvar do golpe que os seus “companheiros” lhe estão (estavam) a preparar, sacrificando o país à guerra de barões do PSD – a prova está na evolução do discurso do PSD durante a sexta-feira passada, dia de cimeira europeia. Desde manhã, com Sócrates em Bruxelas a negociar com os seus parceiros europeus, o secretário-geral do PSD foi dizendo durante o dia que o seu partido apoiava as medidas que fossem no sentido de controlar o défice. O presidente do mesmo partido acabou o dia a tirar o tapete à posição do governo português. Por quê: Passos Coelho viu a sua oportunidade da tal rasteira conveniente.
O debate continua.
O país também".
por: Porfírio Silva
(a) António Capucho, conselheiro de Estado pelo PSD, fez há pouco tempo as seguintes declarações: “o governo tem de levar uma rasteira e sair”. Como não veio o FMI, que o PSD anda há meses a convidar; como não veio o desastre na execução orçamental, que o PSD esperava como desculpa; veio a rasteira. Esta é a rasteira do PSD: provocar uma crise política. Mas, por quê agora? Passos Coelho abre uma crise no país para escapar a uma crise interna no PSD, onde já se afiavam as facas para o derrubar.
(b) O anterior governo PSD/CDS apresentou o PEC em Bruxelas – não as linhas gerais, não a proposta de partida, mas a sua versão final – sem o apresentar no parlamento português. Não têm agora esses partidos nenhuma moral para se queixarem de uma “mera” apresentação pública das linhas gerais, com todo o tempo para passar ao debate das medidas propriamente ditas - garantindo que o PEC apresentado em Bruxelas não será uma "surpresa" para o país.
(c) Na preparação, no ano passado, do orçamento para 2011, Passos Coelho, pelo PSD, recusou-se a negociar previamente: o PSD exigiu que o governo apresentasse primeiro as suas propostas e as divulgasse, só aceitando negociar depois. Agora, o governo apresentou publicamente as linhas gerais da sua proposta e quer negociar, segundo o procedimento exigido pelo PSD – mas, agora, o PSD exige o contrário do que exigiu o ano passado e, com essa desculpa, recusa-se a negociar. E não diz uma palavra sobre alternativas.
(d) A prova de que a posição de Passos Coelho é a “rasteira” pedida por Capucho, com o único fito de Passos Coelho se salvar do golpe que os seus “companheiros” lhe estão (estavam) a preparar, sacrificando o país à guerra de barões do PSD – a prova está na evolução do discurso do PSD durante a sexta-feira passada, dia de cimeira europeia. Desde manhã, com Sócrates em Bruxelas a negociar com os seus parceiros europeus, o secretário-geral do PSD foi dizendo durante o dia que o seu partido apoiava as medidas que fossem no sentido de controlar o défice. O presidente do mesmo partido acabou o dia a tirar o tapete à posição do governo português. Por quê: Passos Coelho viu a sua oportunidade da tal rasteira conveniente.
O debate continua.
O país também".
por: Porfírio Silva
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