26 de novembro de 2010

A receita para o desastre


Um estudo do FMI explica que a crise financeira resulta de um aumento das desigualdades que levou a um maior recurso ao crédito. O ataque ao Estado Social apenas pode piorar o que já está mal.

A crise financeira foi provocada pelo aprofundamento do fosso entre pobres e ricos. A conclusão é dessa organização de cariz socialiazante conhecida por Fundo Monetário Internacional. Tal como acontecera na Grande Depressão, a crise financeira resulta da concentração de riqueza detida pelos mais ricos e o crescente acesso ao crédito dos mais pobres, sem recursos para viver nas sociedade modernas, explica o estudo do FMI.

Nos EUA, entre 1983 e 2007, o rendimento detido pelos cinco por cento mais ricos aumentou de 22 para 34 por cento, resultando disso mesmo, o endividamento da restante população (94 por cento) duplicou nesse período. Tudo muito semelhante ao que acontecera entre 1920 e 1928.

O estudo, pensado para os EUA, foi replicado para outros países desenvolvidos. E quando chega a Portugal revelou o que já sabemos: é o segundo país da zona euro onde há maior desigualdade na distribuição da riqueza. E isso ajuda a explicar o nosso nível de endividamento.

Podemos tirar três conclusões deste estudo: que o endivimanto não resulta de uma bebedeira consumista que leva os povos a viver acima das suas possibilidades, mas de um desvio dos recursos disponíveis de parte da população para os mais favorecidos; que a crise não resulta, como nos querem vender, de um excesso de Estado Social, mas de um falhanço no papel redistributivo do Estado; e que as medidas que estamos a aplicar, com redução de prestações sociais e dos custos do trabalho, apenas agudizarão a crise.

Como em quase todos os estudos que vão saindo, os números contrariam a lenga-lenga que nos vendem todos os dias.

por: Daniel Oliveira (Expresso)

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