Assistiu-se na última Assembleia da Comunidade Intermunicipal do Sousa e Tâmega, ao maior indecoro de que há memória no que se confere à falta de coerência, sensatez e posicionamento local no âmbito político-partidário.
Resumindo de uma forma geral, é do conhecimento de todos que o Governo de José Sócrates tinha a intenção de portajar as SCUT do Grande Porto, nomeadamente A41/A42.
Posto isto, os vários presidentes da Câmara, edis e diversos líderes partidários dos mais variados quadrantes políticos manifestaram-se e bem, contra esta medida inclusive os autarcas do mesmo partido do Governo, o Partido Socialista.
O caso de Lousada é revelador dessa postura. Desde o início que a autarquia Lousadense liderada por Jorge Magalhães, bem como todo o aparelho partidário do PS/JS Lousada mostrou-se de forma inequívoca contra essa medida do Governo, preocupando-se somente com o interesse da população Lousadense.
Esta atitude por parte do PS/JS Lousada é comprovada com o posicionamento de primeira linha da nossa autarquia e dos vários elementos socialistas contra a medida. Para além disso, e em abono da verdade, o PSD regional e local apoiou este posicionamento, apresentando assim uma postura idêntica de combate.
Até ao momento sempre houve concordância por parte de todos os círculos partidários de Lousada e da região em relação a esta questão.
Assim sendo, e face aos mais diversos protestos realizados pelos autarcas da região, o Governo voltou atrás na sua decisão e tentou alterar substancialmente a sua posição. Apresentou como alternativa, introduzir portagens em todas as SCUT do país e isentar os residentes de cada uma dessas regiões abrangidas pelas ditas estradas, desde que estejam abaixo do índice médio de poder de compra concelhio (IPCC).
Como vivemos um momento político conturbado em termos nacionais e sendo necessária a aprovação das propostas governamentais por parte da oposição, o governo assumiu o compromisso de negociar todas estas medidas com o PSD, tal como havia acordado no PEC.
A maior surpresa surge, quando o novo líder do PSD - Pedro Passos Coelho, mostra-se contra a medida de isentar o pagamento de portagem aos residentes da área de abrangência da SCUT e propõe que todas elas sejam pagas por todos na sua totalidade, sem qualquer tipo de excepções, leia-se, isenções.
Nesse sentido, o Grupo Intermunicipal do Partido Socialista decidiu apresentar uma moção na última Assembleia (que reúne todos os concelhos da região do Sousa e Tâmega) propondo, e passamos a citar, "reiterar a defesa da não introdução de portagens nas A41 e A42, apelando a que governo e PSD, nas negociações que actualmente decorrem, sejam sensíveis às particularidades da nossa região", principalmente nesta fase em que o governo recuou e é pública a postura intransigente do PSD Nacional face a este ponto.
Ao pensarmos que esta Moção seria votada favoravelmente de modo maciço e peremptório pelos representantes da região, não poderíamos estar mais enganados. Surpresa das surpresas, a grande maioria dos deputados intermunicipais do PSD fez declarações completamente incoerentes com aquilo que vinham defendendo até aqui nos seus concelhos. Referiram até, que concordavam com o pagamento de portagens nas SCUT, tal como o seu líder Pedro Passos Coelho defende.
Até o elemento representante do PSD Lousada, no momento da votação, absteve-se. Contrariando o que tinha feito há dois meses em plena Assembleia Municipal de Lousada, aquando a moção apresentada pelo PS Lousada. A grande diferença, é que nessa altura o único alvo era o Governo.
Ao depararmo-nos com isto apenas podemos concluir e lamentar algumas situações.
1 - Durante o período de tempo em que o Governo de José Sócrates foi favorável à introdução de portagens sem qualquer tipo de isenção nas SCUT, os digníssimos representantes locais do PSD, insurgiram-se, protestaram e manifestaram-se contra esta medida, referindo que os interesses das suas populações estavam em primeiro lugar. Posição salutar e que o PS da região, particularmente o PS Lousada concorda e apoia de forma inequívoca.
2 - Por outro lado, actualmente, quando Pedro Passos Coelho e o PSD Nacional assumem como postura a intenção de portajar as SCUT, sem qualquer tipo de isenção ou benefício para a população, estes representantes do PSD (inclusive de Lousada) já se escondem e esquecem-se daquilo que vinham defendendo desde há largos meses. O interesse pela sua população esfumou-se!!!
Para concluir, achamos que é lamentável que uma questão tão sensível e essencial para a nossa população, não tenha tido nesta assembleia uma resposta firme de contestação por parte dos elementos do PSD da região nomeadamente de Lousada.
A postura demonstrada através das declarações e da abstenção a esta proposta é claramente demonstrativa de que os interesses partidários dos deputados intermunicipais do PSD estão acima do interesse da população que representam.
Deste modo, qualquer que seja a explicação dada por estes senhores, esta atitude não terá desculpa possível. Foi notório o que pensam em relação aos interesses da região e ao seu partido quando foram confrontados com uma situação de fácil resolução caso tivessem sido coerentes.
Sugerimos que os presidentes de Câmara da região eleitos pelo PSD revejam o seu posicionamento político face às SCUT, porque o que é certo, é que a maioria dos seus membros está ao lado de Pedro Passos Coelho e não da população que eles próprios representam.
Uma coisa é certa, seja quem for que governe, o Partido e Jovens Socialistas da região, mais particularmente de Lousada, estarão sempre ao lado da sua população defendendo de forma acérrima os seus direitos e pretensões, mesmo que tenham de afrontar o posicionamento do PS Nacional e de José Sócrates.
Já quanto ao PSD, está mais do que visto, mudam de opinião ao sabor do vento e à custa das ideias e dos ideais do seu líder, não importando as necessidades da população de Lousada, Vale do Sousa ou Tâmega. Este foi um acto indesculpável para com a população.
Ass: Grupo Intermunicipal de deputados socialistas lousadenses
in: TVS
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