Os alemães são, no entanto, pouco piedosos com a Grécia. Afirmam que Atenas escondeu números e factos, e pedem que, para não haver mais más surpresas, fique uma delegação "pró-activa" do Eurostat em cada membro, que funcione como polícia de investigação, e não se limite a receber estatísticas oficiais do governo local.
Claro que Berlim também pode ser acusado de medidas artificiais. A recente queda do desemprego na federação, por exemplo, fez-se à custa do aumento do trabalho precário e temporário.
E por que é que Berlim não quer - na realidade - a solução FMI? Primeiro, porque não é europeia (causa política). Segundo, porque as suas condições não são mais exigentes do que a austeridade proposta (causa técnica).
Berlim parece ter hoje dois adversários na Europa: "certos membros da comissão", que o séquito de Merkl considera mal preparados e informados, e a França, que a Alemanha vê como propondo medidas contraditórias para combater o fogo. Onde estão os eixos Bona-Bruxelas, e Paris-Berlim?
Para os alemães, os especuladores não são causa mas consequência da crise. Ainda assim, Berlim actuou de surpresa sobre o câmbio oportunista de acções na bolsa, para mostrar que os governos ainda possuem armas regulatórias de choque, sem ter de avisar o "inimigo".
Há soluções? Absolutas, não. Nem a geométrica Alemanha as tem. Mas Berlim recupera a sabedoria da "economia social de mercado". Nem nacional ou internacional-socialismo, nem capitalismo "laissez faire" e antropófago.
E Berlim quer "produtividade" (definição universalmente aceite, precisa-se), e "politique d'abord".
Mas este é o problema. Se a política comanda o barco, haverá sempre alguém - populista ou elitista - a dizer que o equilíbrio das finanças é secundário. Erguer-se-iam outros valores: a salvação da pátria, do povo, da região, da família.
Portanto: "atenção, queridas (e queridos)"!
in: JN
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