O dia de ontem foi histórico para o Reino Unido. Depois de negociações em ziguezague político, os Conservadores de Cameron conseguiram trazer os Liberais Democratas para o seu campo e formar um governo de coligação, o primeiro desde 1945, derrotando os Trabalhistas, que regressam à oposição depois de terem governado durante 13 anos. "Vou apresentar a minha demissão à Rainha. Irei recomendar que o meu cargo seja ocupado pelo líder da oposição", afirmou ao fim da tarde um Gordon Brown visivelmente emocionado, pouco antes de abandonar o nº 10 de Downing Street, que foi ocupado ainda nessa noite por David Cameron. O líder ‘tory' torna-se assim o primeiro-ministro mais jovem do Reino Unido em 198 anos .
À hora de fecho desta edição, os detalhes do acordo de coligação ainda não eram conhecidos, mas era certo que os Liberais Democratas iriam desempenhar um papel importante no novo executivo, ocupando vários ministérios. Apesar de ter falhado as estimativas de votos e deputados nas eleições, o líder Liberal Democrata Nick Clegg acabou por se tornar no elemento decisivo na formação de um novo governo. A recompensa virá sob a forma de cargos de relevo para elementos liberais-democratas. Se Clegg se pode tornar o número dois do governo britânico - como vice de Cameron -, o lib-dem Vince Cable foi visto na chancelaria do Tesouro a falar com os responsáveis pelas finanças públicas do Reino Unido.
Surpresa Trabalhista
Os negociadores Liberais Democratas disseram em privado que ficaram "surpreendidos" pela hostilidade do lado Trabalhista. Com efeito, vários altos responsáveis do partido de Gordon Brown, como Jack Straw ou o ministro Andy Burnham, mostraram-se contrários à realização de um governo de coligação. Uma parte do partido, que irá escolher um novo líder no Congresso após o Verão, não queria ser visto como uma "coligação de vencidos" ou ter de novo um primeiro-ministro sem ser eleito, como aconteceu a Brown quando substituiu Tony Blair. Vários parlamentares Trabalhistas colocaram mensagens nos seus blogues e no Twitter que preferiam ver Cameron como primeiro-ministro do que aceitar um acordo com Clegg.
in: Diário Económico
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