7 de maio de 2010

Aos Medinas-Carreiras do nosso país!

Já sabemos que está na moda dizer que o apocalipse está à porta, que Portugal não cresce, que não é competitivo e que o nosso endividamento não pára de aumentar. Já sabemos tudo isto, pois tal é repetido ad nauseam em todo o lado, sobretudo por pessoas que, para além de generalidades vazias e críticas cegas ao governo, não fazem a mais pequena ideia de como seria possível inverter tal situação. Mas então não é que o INE parece disposto a pôr termo ao festim de auto-flagelação que tanto compraz as nossas elites. Confesso que até eu fiquei surpreendido com estes dados: No primeiro trimestre de 2010, as saídas de bens registaram, face ao período homólogo (Janeiro a Março de 2009), um aumento de 14,6% e as entradas de 7,6%, determinando um desagravamento do défice da balança comercial em 168,3 milhões de euros.


Não sei se estão bem a perceber o significado disto, mas eu explico. Desde a entrada no euro que temos crescido à custa de um aumento insustentável do endividamento externo: o nosso crescimento era ilusório porque dependia essencialmente do consumo, não da procura externa. É verdade que no ano passado o défice externo desceu, mas tal foi justificado pela recessão, não por qualquer aumento da competitividade portuguesa - estávamos, pois, perante uma redução não virtuosa do nosso défice, que se inverteria mal assistissemos a uma retoma da actividade económica. Mas estes dados do INE mostram que as coisas parecem mesmo estar a mudar, o parece legitimar o 'optimismo irresponsável' do governo. Contra todas as expectativas, parece que a economia portuguesa já está a apostar nos famosos bens transacionáveis - aqueles que se diz que o governo ignora . Aquilo que todos os críticos nos diziam não ser possível enquanto o PS fosse governo, não parece ser verdade. Querem ver que o governo está mesmo a fazer aquilo que 'propagandeia'?


Este é um dia trágico para o Medina-Carreirismo e seus derivados. Se os mercados financeiros e as agências de rating fossem racionais, a dívida pública portuguesa devia reagir positivamente a estes dados. Esperemos que sim. Caso contrário, confirma-se a tese de que o comportamento do sistema financeiro não tem qualquer relação com economia real de um país.

por: João Galamba - Jugular

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