Negociadores de todo o mundo abriram hoje, sob a égide das Nações Unidas em Banguecoque, um ciclo de dois anos de discussões para conseguir um acordo ambicioso de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE, sigla em inglês) em 2009. A ONU prevê que este possa vir a ser um dos acordos mais complexos da História.
Reunidos pela primeira vez desde as negociações de Dezembro na ilha indonésia de Bali, os representantes de, pelo menos, 164 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas têm cinco dias para atenuar as divergências sentidas na última conferência.
Numa mensagem vídeo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou aos delegados em Banguecoque para serem “ambiciosos” nos seus objectivos e para trabalharem “duramente” e em conjunto para salvar o planeta dos efeitos potencialmente devastadores das alterações climáticas.
“Estão reunidos para lançar um processo de discussões que vai alterar o curso da História”, disse Ban Ki-moon, lembranque que Banguecoque representa “o ponto de partida de uma intensa negociação de dois anos”.
A reunião na Tailândia visa criar as bases de um plano de acção global para reduzir as emissões poluentes, integrando os países industrializados e em desenvolvimento, com o objectivo de concluir até ao final de 2009 um acordo sucessor do Protocolo de Quioto, que termina em 2012.
Falando aos jornalistas, Yvo de Boer, secretário-executivo da Convenção Quadro da ONU, disse que os negociadores têm perante si uma “tarefa impressionante”, tendo em conta os interesses contraditórios em jogo.
A comunidade internacional tem menos de dois anos para elaborar “aquilo que poderá vir a ser um dos acordos internacionais mais complexos da História”.
“Haverá vencedores e vencidos. Mas é evidente que se não agirmos, seremos todos vencidos”, advertiu Yvo de Boer.
Ainda que os países ricos e pobres estejam de acordo para lutar contra o sobre-aquecimento global, divergem sobre à forma como o vão fazer. Os Estados Unidos, único grande país industrializado que não ratificou Quioto, quer que as economias emergentes – como o Brasil, Índia e China – sejam obrigados a reduzir as suas emissões. A União Europeia considera que cada às nações industrializadas assumir a liderança destes esforços.
Sob pressão de Washington, Bali não incluiu objectivos específicos."
In: Público (31/03/08)