26 de dezembro de 2010

Imaginem (mais uma vez) se fosse Sócrates


Apesar de ter negado à TVI24 ter comprado ou vendido algo do BPN, a verdade é que Cavaco Silva teve um lucro de 147.500 euros com a venda de acções da SLN, que é dona deste banco. O negócio remonta a 2003. A filha do candidato presidencial também ganhou 209.400 euros.

Em declarações à TVI24, após o debate presidencial com Francisco Lopes, Cavaco Silva voltou a afirmar o que já havia sido divulgado em 2008 através de comunicado: “Nunca trabalhei no BPN, nunca comprei nem vendi nada do BPN, nunca recebi qualquer remuneração do BPN, é um caso de Justiça e o Presidente da República não deve interferir nos processos judiciais”.

Na verdade, em maio de 2005, o jornal Expresso já dava conta do negócio que envolvia Cavaco Silva e a Sociedade Lusa de Negócios (SLN), dona do Banco Português de Negócios (BPN).

Cavaco Silva comprou 105.378 acções da SLN a um euro cada em 2001. Em Dezembro de 2003, vendeu-as a 2,4 euros, com um lucro de 147.500 euros. O valor da venda das acções foi determinado por contrato, cujo conteúdo se desconhece. Certo é que foi assegurada ao candidato presidencial uma mais-valia assinalável, que Francisco Louçã, coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda esclarece “ser determinada por um favor contratual de Dias Loureiro ou de Oliveira e Costa, seus ex-ministro e ex-secretário de Estado”.

O presidente da República, que agora se recandidata, nomeou, entretanto, Dias Loureiro, ex-ministro e responsável na sua campanha presidencial, para o Conselho de Estado.

A filha de Cavaco Silva também adquiriu, à época, 149.640 acções da SLN, tendo vendido as suas acções ao mesmo tempo que o pai e pelo mesmo valor: 2,4 euros. O lucro obtido foi de 209.400 euros.

Cavaco Silva é “habilidoso” na sua resposta

Em declarações à Lusa, o deputado do Bloco de Esquerda João Semedo, que acompanhou a comissão de inquérito ao caso BPN, afirmou que Cavaco Silva deu uma resposta habilidosa sobre o seu envolvimento, tendo repetido exactamente o conteúdo do comunicado emitido em 2008.

O deputado do Bloco sublinha que “O que é importante sublinhar é que Cavaco Silva pretende enganar-nos com a verdade, é uma resposta manhosa, porque a verdade é que Cavaco Silva beneficiou deste sistema pouco transparente de compra e venda de acções”.

João Semedo esclareceu que nunca viu, no âmbito da comissão de inquérito, o contrato de Cavaco Silva com a SLN, e que seria “interessante saber se as acções compradas e posteriormente vendidas” pelo actual Presidente da República foram sujeitas ao direito de preferência dos restantes accionistas.

in: esquerda.net

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