23 de janeiro de 2010

A proliferação do Ensino Superior

Precisamente na semana passada, na discussão para a moção da candidatura de João Torres à distrital da JS Porto, defendi uma ideia relacionada com o ensino superior que foi bem recebida por uns, e criticada por outros face à sua medida “restritiva e talvez elitista”.

No meu entender, é necessário colocar um "travão" à proliferação dos mais variados cursos e estabelecimentos de ensino superior que não apresentem padrões de considerável qualidade e de pertinência ao nível da futura empregabilidade do aluno.

Esta ideia não é de certo pioneira, e ainda hoje o Bastonário da Ordem dos Advogados - Marinho Pinto, numa entrevista à Lusa, criticou "os sucessivos governos e direcções da Ordem pela proliferação “escandalosa” de cursos de Direito em Portugal, afirmando que nem todos os licenciados têm lugar na profissão".

Penso que na base de um país que se quer desenvolvido, a componente escolar/formativa é essencial, e desse modo o ensino superior reveste-se de uma importância extrema. É notório e está provado, que no que se refere à empregabilidade, as pessoas com mais formação têm menos dificuldade em conseguir trabalho.
É assim de louvar, a última medida do Governo que pretende um aumento substancial no número de licenciados. Contudo, será também importante ter em conta a necessidade de determinados cursos para o País e para o nosso dificílimo mercado de trabalho.

Penso que todos poderemos ter a vontade de obter determinado curso e não aqueles que nos “direccionam”, mas será também necessário haver melhores perspectivas de emprego quando os alunos saem da faculdade. Será importante haver um controlo no número de vagas existentes, face à empregabilidade. Penso que não é crível continuarmos a formar professores, advogados, psicólogos, sociólogos, enfermeiros, etc, sabendo que não há absorção do mercado destes profissionais, altamente qualificados.

Coloco um exemplo. No distrito do Porto existe uma série de universidades ligadas à formação de professores. Vejamos então se é necessária a aprovação de mais estabelecimentos de ensino destes, como aconteceu com a recente (re)introdução do ensino superior em Penafiel.

Felgueiras, Penafiel, Paredes, e possivelmente Paços de Ferreira formarão um número impensável de professores na área da Educação Física. Será que é este o caminho a seguir? E não conto com os cursos desta área existentes na zona do Porto!

Concordo, por exemplo, com a "proliferação" de cursos de Medicina, mas pronto, sei que é melhor esquecer e deixar esta ironia e pequena provocação de lado. Todos sabemos que este é um curso onde existe claramente um déficit de "mão-de-obra". O problema é que tudo isto esbarra depois, com a grandiosa Ordem dos Médicos, o reconhecimento desses cursos e o lobby existente.
No final do ano passado, anunciou-se e muito bem, a abertura do curso de Medicina na Universidade de Aveiro (ainda que em moldes diferentes dos habituais), e estou para ver se o curso irá ser reconhecido pela Ordem dos Médicos!

Para terminar, relembro que a oposição lousadense no seu programa eleitoral propunha a criação do ensino superior em Lousada. Mas para quê? Alguém acha que Lousada iria conseguir uma Universidade que realmente acrescentasse algo de novo? Iríamos também nós formar mais do mesmo, só para dizer que temos um estabelecimento de Ensino Superior?

1 comentário:

Anónimo disse...

Para fomentar a discussão

http://claudio-carvalho.com/politica/um-rumo-livre-para-o-ensino

Votos de bom trabalho